
Em meio ao Maio Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de boca, o cirurgião-dentista Dr. Luiz Carlos de Lemos compartilha orientações valiosas para identificar e prevenir a doença que ainda mata milhares de brasileiros a cada ano
O câncer bucal é o sexto tipo mais comum no mundo e segue sendo uma das doenças mais letais quando diagnosticada tardiamente. No Brasil, são cerca de 15 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), sendo a maioria em homens com mais de 40 anos, especialmente fumantes, consumidores frequentes de álcool e pessoas com exposição contínua ao sol.
Com 51 anos de profissão, o cirurgião-dentista Dr. Luiz Carlos de Lemos acompanha de perto essa realidade e reforça a importância da prevenção. “Toda lesão na boca que permanece por mais de 20 dias sem cicatrizar deve ser investigada. Manchas brancas ou avermelhadas, feridas com mau cheiro, caroços ou inchaços também são sinais de alerta”, afirma.
Dr. Lemos explica que hábitos como fumar, consumir bebidas alcoólicas com frequência e o uso de próteses antigas e mal adaptadas podem provocar lesões que evoluem para tumores. “É muito comum ver pacientes com dentaduras de 30, 40 anos. Elas podem machucar a mucosa e gerar feridas que, se não tratadas, se tornam cancerígenas”, explica. Além disso, ele destaca que a exposição prolongada ao sol, especialmente no lábio inferior, é uma das causas mais recorrentes de câncer de lábio. “O ideal é usar protetor solar labial e chapéu. A agressão do sol é lenta, mas constante, e com o tempo se torna perigosa.”
Nos últimos anos, o dentista também tem observado uma mudança preocupante: o aumento de casos em pessoas mais jovens. “Antes, víamos isso só em idosos. Hoje já temos pacientes com 30 anos ou menos com lesões suspeitas. Isso se deve, muitas vezes, a hábitos de vida e alimentação, além da falta de cuidado com a saúde bucal.”
O diagnóstico do câncer bucal é feito por meio de biópsia. Quando identificada precocemente, a doença tem até 80% de chances de cura. “O tratamento pode envolver cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Quanto antes for iniciado, menor o impacto na qualidade de vida do paciente”, ressalta.
Além do alerta, Dr. Lemos também destaca a importância do autoexame. “Assim como se faz com o câncer de mama, é possível observar a boca em frente ao espelho, verificar se há manchas, feridas ou alterações. Qualquer dúvida, procure um dentista.” Ele recomenda que a partir dos 30 anos, especialmente quem fuma ou já teve lesões, as pessoas façam consultas regulares para exames preventivos.
“A gente só cuida daquilo que conhece. Por isso, falar sobre o assunto, buscar informação e agir nos primeiros sinais pode salvar vidas.”, conclui.