12 de Maio, 2025 10h05mBAU por ANDREI GRAVE

O médico pediatra, o goleiro e a fita que revelou Ronaldinho Gaúcho ao mundo

No Baú do Esporte, Dr. Oromar Vasconcelos Suertegaray revive a paixão pelo esporte e surpreende com suas histórias

Ibirubá é palco de histórias que cruzam gerações. Algumas, ganham o mundo Dr. Oromar Suertegaray, pediatra há quase cinco décadas no município, abriu o coração ao relembrar uma vida entre consultórios, quadras esportivas e a gravação que mostrou Ronaldinho Gaúcho ainda criança, encantando a todos no Ginasião.

Naquele campeonato, havia duas câmeras filmando. Uma era de Oromar, a outra estava com Carlos Magno Guimarães (in memorian). ''Foi nesse torneio que o Ronaldinho deu aquele balãozinho mágico, e eu apareço nas arquibancadas logo atrás", contou Oromar. Anos depois, a gravação ganharia o mundo numa campanha da Nike. “Foi o primeiro título estadual dele. E começou aqui, em Ibirubá, em 1990, então com 10 anos de idade.”
Mas a ligação de Suertegaray com o esporte vem de berço. Natural de Quaraí, cresceu cercado de bolas e cavalos. “Meu pai era atleta, jogava basquete, vôlei e era cavaleiro profissional. Representou o Brasil em provas na Argentina. Cresci entre a bola e a sela.” Na adolescência, foi goleiro de destaque em Santa Maria, jogando inclusive contra atletas que fariam carreira no futebol gaúcho. Depois, na faculdade de Medicina, conciliou os estudos com o cargo de técnico e jogador nas equipes universitárias.
Chegou a Ibirubá em 1978. Como pediatra, logo se envolveu com os projetos sociais e escolares da cidade, especialmente nas creches. Mas foi quando seu filho Gustavo completou 7 anos que renasceu o treinador dentro do médico. “Naquela época, só havia atividades para meninas, como o Ballet da Jacky. Os meninos não tinham nada. Então começamos com treinos nos fins de semana.”
Suertegaray foi um dos fundadores e grandes incentivadores da ASIF (Associação Ibirubense de Futsal), colaborando diretamente para trazer o técnico Luiz Carlos de Oliveira — figura central na formação de atletas locais. “Levamos nossos guris para Caxias, jogamos estaduais, e ali a coisa começou a crescer. Em um desses torneios, trouxemos o time da Procergs, de Porto Alegre, que tinha um garoto franzino, mas com um brilho nos olhos: Ronaldinho.”
O menino se foi acolhido por Eduardo Nolla. “Ele era um guri calmo, simpático. Jogou muito. Naquele fim de semana, nasceu um ídolo.” As imagens da partida, captadas por Suertegaray com uma filmadora Sony, registraram um dos primeiros momentos públicos de genialidade do craque.
A ASIF, naquele momento, viveu sua era de ouro. “Não era só sobre formar atletas. Era sobre formar pessoas. Muitos daqueles meninos viraram médicos, empresários, professores. O esporte ensina a ganhar e perder, a trabalhar em equipe. Forma caráter.”
Hoje, aos 74 anos, Suertegaray ainda atua como pediatra — inclusive no SUS, sempre que necessário — e mantém viva a paixão pelo esporte. “Na minha casa, todos praticam alguma atividade. Bit tênis, vôlei, futebol. Agora, tenho um netinho que quer ser goleiro, como o vô”, brinca.
Ao comparar as infâncias de ontem e hoje, o médico é direto: “As crianças de hoje têm mais acesso à saúde, melhor nutrição, mas enfrentam novos desafios. A obesidade, o sedentarismo e o vício em telas preocupam. O esporte pode ser o antídoto.”
E conclui: “Temos talentos em Ibirubá, mas muitos saem cedo demais. Precisamos incentivá-los a crescer aqui, amadurecer com calma.”

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