
Na Granja Irmãos Schmidt e Filhos, em Quinze de Novembro/RS, brota muito mais do que grãos. Brota uma jovem que representa a força feminina no agro com celular na mão, botas nos pés e orgulho do que planta. Aos 19 anos, Janaína carrega no sobrenome a história de sua família e nas redes sociais, a missão de mostrar que o campo também é lugar de protagonismo e inovação.
Em meio às lavouras da localidade de Santa Clara do Ingaí, no interior de Quinze de Novembro, vive uma jovem que carrega no nome a tradição da família e, nas redes sociais, uma nova forma de contar o agro. Janaína Hagemann Schmidt tem 19 anos, é filha de Leandro Grave Schmidt e Júlia Hagemann Schmidt, irmã da pequena Sabrina, e estudante do terceiro semestre de Agronomia na Unicruz. Neta de produtores e criada na Granja Irmãos Schmidt e Filhos, ela cresceu entre a semeadura e a colheita — mas decidiu que sua missão ia além da porteira: mostrar a realidade do campo para quem nunca pisou nele. Com celular na mão e raízes firmes no chão, Janaína encontrou na internet um jeito de valorizar a sucessão rural, inspirar outros jovens e afirmar, com orgulho, que o agro também tem voz feminina.
OAJ: Como é esse ambiente e o que vocês produzem?
Nossa propriedade é voltada à produção de grãos como soja, milho, trigo, canola e aveia. Além disso, fazemos o beneficiamento com armazenamento, classificação e limpeza. É uma rotina que exige trabalho, mas também traz muito orgulho, porque tudo é construído em família.
OAJ: Como é a sua participação no dia a dia da lavoura?
Sempre que posso, estou presente. Acompanho o plantio, ajudo na classificação dos grãos, participo da colheita…
OAJ:Seus pais sempre apoiaram sua presença ativa na propriedade?
Sempre me incentivaram a escolher o que me fizesse feliz, e eu encontrei isso no agro. Nunca foi uma imposição. Minhas raízes falaram mais alto, e hoje vejo que seguir esse caminho foi a melhor escolha.
OAJ: Você acredita que está continuando um legado? Como vê a sucessão familiar no agro?
Com certeza. Somos a terceira geração na nossa propriedade. Isso já mostra como a sucessão é forte aqui. Mas, de forma geral, acho que precisamos valorizar ainda mais essa continuidade no campo. É ela que garante que o trabalho construído por nossos pais e avós não se perca.
OAJ: E a faculdade, o que tem somado à sua vivência prática?
A experiência de vida no campo me deu base, mas a faculdade me oferece o lado técnico, o conhecimento científico. Essa combinação tem sido essencial tanto para a rotina na lavoura quanto para a criação de conteúdo.
OAJ: Como começou a compartilhar sua rotina nas redes sociais?
Foi algo natural. Comecei mostrando o dia a dia aqui na propriedade, sem grandes pretensões. Mas as pessoas começaram a se interessar, e os seguidores foram aumentando. Antes eu tinha 4 mil, agora já são mais de 20 mil.
OAJ: Que tipo de conteúdo você costuma mostrar?
Mostro a realidade do campo: colheita, maquinário, curiosidades, bastidores da produção. As pessoas se identificam com isso. Muitas não têm ideia do que acontece na vida rural, e ver isso de forma verdadeira gera empatia.
OAJ: Você faz tudo sozinha?
Não. Meu namorado e minha irmã me ajudam, principalmente nas gravações. A gente não para para gravar — o conteúdo surge no meio da lida, da rotina mesmo. Às vezes é difícil conciliar com os estudos, mas sempre dou um jeito.
OAJ: Pretende expandir para outras redes sociais?
Sim. Já estou com conteúdo no TikTok, e o YouTube está nos planos. Quero continuar ampliando esse alcance.
OAJ: Como as redes sociais impactaram sua vida pessoal e sua comunicação com o mundo?
Mudou bastante. Ganhei visibilidade, responsabilidades e também mais confiança. Hoje recebo mensagens de pessoas dizendo que passaram a valorizar mais o campo por causa dos meus vídeos.
OAJ: Você encara esse trabalho como uma profissão ou ainda como um hobby?
Ainda é um hobby, mas pode virar profissão. A ideia é unir a formação em Agronomia com o conteúdo digital, levando informação técnica e relevante para quem acompanha. O agro precisa se comunicar melhor com a sociedade.
OAJ: E o papel da mulher nesse cenário, como você enxerga?
Quanto mais mulheres no agro, mais inovação e sensibilidade dentro da produção.
OAJ: Qual seu objetivo como influenciadora?
Levar jovens a se identificarem com o campo, mostrar que é possível construir uma carreira rural com orgulho. Aproximar a cidade do campo.
OAJ:Participou de algum evento ou fechou parcerias por causa dessa visibilidade?
Sim, já tive algumas parcerias com marcas e espero fechar muitas outras. É uma forma de valorizar ainda mais o conteúdo que produzo.
OAJ:Quem são suas maiores inspirações?
Meu pai é minha principal referência. Ele me ensinou os valores do campo e sempre mostrou o caminho certo com humildade e trabalho. É ele quem me inspira a seguir nessa trajetória.
OAJ: E para outras jovens que vivem no campo e têm o desejo de compartilhar essa realidade, qual seria sua mensagem?
Siga seus sonhos, não desanime com críticas. Quanto mais a gente mostrar, mais pessoas vão se identificar — e mais orgulho teremos de onde viemos.