26 de Setembro, 2025 10h09mEducação Destaque por REDAÇÃO INTEGRADA

Projeto do IFRS acolhe imigrantes com aulas gratuitas de português em Ibirubá

Iniciativa promove inclusão social e cultural de haitianos, venezuelanos e senegaleses desde 2015

O projeto "Português como Língua de Acolhimento" do IFRS Ibirubá já atendeu centenas de imigrantes com aulas gratuitas que promovem inclusão e cidadania.

O Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Ibirubá desenvolve, desde 2015, o projeto “Português como Língua de Acolhimento” (PLA), iniciativa gratuita que promove o ensino da língua portuguesa para imigrantes residentes na cidade e região. Com foco na inclusão e no respeito à diversidade, o projeto já atendeu centenas de haitianos, senegaleses, venezuelanos e, mais recentemente, imigrantes de países como Mauritânia e Argentina.
Mais do que aprender um novo idioma, os participantes encontram no projeto um espaço de acolhimento. “Desde o início, pensamos o curso como uma ferramenta de integração. Ensinar português é fundamental, mas acolher é igualmente importante”, explica a professora Silvane Lopes Lima, que coordena a iniciativa junto com as professoras Fernanda Schneider e Camila Lara.
O projeto passou por diferentes fases: começou com aulas presenciais na Biblioteca Pública de Ibirubá, tornou-se remoto durante a pandemia e, a partir de 2022, voltou a ser presencial no campus do IFRS. “O retorno ao campus foi um marco, porque os alunos passaram a se sentir parte da instituição. Eles percebem que podem estudar conosco, fazer cursos técnicos ou superiores”, destaca Silvane.
Entretanto, em 2024, o projeto enfrenta um desafio importante: a suspensão do transporte fornecido pela Prefeitura, que dificultou o acesso dos estudantes ao campus.
“Conseguimos manter o curso com recursos próprios, mas tivemos que reduzir a duração e o número de participantes. Sem transporte, muitos não conseguem comparecer”, lamenta.
Atualmente, cerca de 40 imigrantes participam do curso, que acontece uma vez por semana, com atividades complementares. O conteúdo é voltado para situações do cotidiano, como ir ao mercado, ao médico ou conversar no ambiente de trabalho. “A linguagem é prática e adaptada à realidade deles. Trabalhamos com verbos básicos, simulações e até músicas”, explica Silvane.
Um dos alunos é o haitiano Gemael Jamael, que vive em Ibirubá há sete anos. “Quando cheguei, não falava português. Aprendi ouvindo as pessoas, usando o celular e com a ajuda do curso. Hoje consigo trabalhar, conversar e até ajudo outros imigrantes”, conta. Ele integra também a Associação dos Imigrantes Haitianos de Ibirubá e Região, que busca apoiar a comunidade local.
A estudante Talita Sand, do curso técnico em informática, é bolsista do projeto e auxilia nas atividades. “Me inscrevi pensando em ajudar, mas estou aprendendo muito também. Conviver com essas pessoas e ouvir suas histórias é transformador”, afirma.
Outro ponto destacado pela coordenação é que o curso também ajuda os imigrantes em  processos de naturalização, pois a comprovação do domínio da língua é uma exigência legal. “Estamos organizando uma avaliação final que possa servir como certificação para esses processos”, completa Silvane.
Para o próximo ano, a continuidade do curso no formato atual depende de novas parcerias, especialmente para garantir transporte. “Precisamos do apoio da Prefeitura ou de empresas locais. Muitos desses imigrantes trabalham aqui, movimentam a economia e contribuem com a cidade. É justo que tenham esse acesso à educação”, afirma a professora.
A equipe também reforça o convite à comunidade para conhecer o campus e os projetos do Instituto. No dia 23 de setembro acontece o “Vem pro IF”, evento de portas abertas, com apresentação de cursos, projetos e atividades. “Quem conhece o IFRS, se encanta. Queremos que todos se sintam parte desse espaço, inclusive os imigrantes que hoje constroem Ibirubá junto conosco”, conclui Silvane.

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