30 de Junho, 2025 13h06mBáu do Esporte por ANDREI GRAVE

De marcador aplicado a treinador dedicado, Trindade revela sua história

Luis Carlos Trindade, o volante incansável dos gramados da região, completa 40 anos

Aos 40 anos, ele não pensa em parar. Pelo contrário: quer seguir incentivando as novas gerações — dentro e fora de campo.

A trajetória de Luis Carlos Pereira da Trindade é uma daquelas que traduzem a essência do futebol amador: suor, entrega, amizades duradouras e o amor ao esporte. Aos 40 anos, recém-completados, ele relembra com carinho os caminhos que o levaram dos gramados de Sede Aurora até o comando de equipes femininas de futsal e vôlei.
"Eu nunca fui craque, mas sempre me doei ao máximo. Joguei sério, com respeito, e nunca fui desleal. É assim que aprendi desde pequeno", afirmou Trindade em entrevista especial, repleta de memórias e emoção.
Nascido em uma família humilde de cinco irmãos — sendo o caçula entre os rapazes —, ele foi criado em Sede Aurora, distrito de Quinze de Novembro. "A gente cresceu com pouco, mas com muito incentivo. O esporte era o que nos unia", contou. Sua inspiração veio do irmão Joãozinho, que teve passagem por clubes como Guarani de Cruz Alta e Riograndense de Santa Maria. "O João foi o melhor da família no futebol", admite, com orgulho.
Foi ainda adolescente, nos campos da Volta Grande, que Trindade iniciou sua relação com a bola. Começou como atacante, seguindo os passos dos irmãos. "Mas num jogo, o técnico me pediu para marcar um jogador chave. Fiz bem o papel e não saí mais da marcação. Ali nasceu o volante", relembra.
Já em Ibirubá, para onde se mudou aos 14 anos com a mãe após a separação dos pais, trabalhou na construção civil enquanto terminava os estudos. “O seu Frederico Lagemann e a família dele me acolheram. Trabalhei com ele como servente, e ele virou meu padrinho de casamento”, conta.
No futebol ibirubense, vestiu as camisas de clubes como Bangú, Revelação, Palmeiras, Vila Nova, Ipiranga e Progresso de Picada Café — onde conquistou um dos títulos mais marcantes. "A gente foi campeão da Copa Turismo e eu era titular com a 8. Era um elenco da casa, sem estrelas, mas muito unido", disse, emocionado.
Outra conquista inesquecível foi no futsal, pela equipe do Grêmio Aurora. “Entrei no segundo tempo, o time perdia. Fiz um gol de esquerda — e eu sou destro! — e empatamos. Aquilo nos classificou para a final. Foi marcante.”
Trindade destaca também a importância da disciplina. “Nunca fui expulso, sempre respeitei os árbitros. Se erram, é como nós jogadores também erramos. Faz parte.”
Atualmente, ele coordena dois projetos esportivos com sua esposa, Alice: o Liverpool feminino de futsal e o de vôlei. “Nosso objetivo é incentivar mulheres e meninas no esporte. Já fomos campeões em Alto Alegre com o vôlei e seguimos treinando firme. É o esporte que nos move”, ressalta.
Além das quadras e gramados, Trindade também se destaca pelo espírito solidário. Junto da esposa, organiza ações beneficentes e lidera iniciativas que fortalecem o esporte feminino na região. Um exemplo recente é a rifa lançada para adquirir uma bola oficial para os treinos da equipe de vôlei. “Hoje, uma bola de qualidade custa em torno de R$ 500. Estamos buscando apoio porque acreditamos que o esporte transforma vidas”, explica.
Mesmo após mais de duas décadas de dedicação ao futebol, Trindade segue com a mesma motivação do início.


“Enquanto eu puder contribuir, seja jogando, treinando ou organizando, vou estar presente. O esporte me ensinou valores que levo para toda a vida: respeito, humildade, amizade e superação.”

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