O impacto no desenvolvimento infantil pelo longo tempo de exposição a essas telas. Sabemos o quanto esses dispositivos trazem mais praticidade no dia a dia, mas é necessário lembrar que a exposição prolongada pode fazer muito mal para a saúde das crianças. É recomendado que crianças de até 2 anos de idade não tenham qualquer contato com nenhum tipo de tela. Essa é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Dos 2 aos 8 anos, o uso de telas está liberado para o período de, no máximo uma hora por dia. E, apesar de hoje ser bastante comum as crianças com celulares nas mãos, o uso deste aparelho só é indicado após os 8 anos de idade. E, para compreender melhor sobre esse assunto a equipe do Jornal O Alto Jacuí  entrevistou, Camila Schäfer/ Fonoaudióloga, confira:
 OAJ: Como de fato acontece esse impacto das telas no desenvolvimento infantil?
Camila: O uso de telas, seja televisão, tablet, computador ou celular, é uma alternativa de entretenimento, isso ninguém tem dúvidas, até nós, adultos, os utilizamos de forma errada muitas vezes. Mas em se tratando de criança, de desenvolvimento infantil, o impacto é imenso, e infelizmente, bastante negativo dependendo do caso. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), antes dos 2 anos, a recomendação é zero telas. Entre 2 e 5 anos, máximo de 1 hora/dia e entre 6 e 10 anos, até 2 horas/dia. Aqui quero ressaltar, que não são todas as crianças que terão atraso pelo uso de telas, porém, na prática clínica, o que mais eu vejo é que a grande maioria das crianças que chegam com queixa de atraso na comunicação ficam expostas às telas muito mais tempo do que é recomendado.
OAJ: Quais os sintomas que a criança apresenta de que está sendo prejudicada?
Camila: Sobre os sintomas que essas crianças podem apresentar, além, é claro do atraso para falar, para comunicar – lembrando e ressaltando que com 2 anos, espera-se que a criança tenha em seu vocabulário em torno de 50 palavras e forme frases curtas (2 palavras) - percebe-se também uma irritabilidade, agitação, falta de paciência, dificuldade em desenhar, segurar um lápis, motricidade ampla e fina também podem ser prejudicadas, além, de muita dificuldade de organização, tanto em atividades do dia a dia, como de organização no brincar, hoje em dia, no consultório, vemos muitas crianças com dificuldade de brincar, com dificuldade de dar função a um brinquedo, por exemplo. E isso tudo, pode sim estar relacionado ao uso excessivo de telas, pois as imagens, cores e luzes passam muito rápido sob os olhos da criança, dificilmente ficam por muito tempo em um vídeo ou jogo, sem passar para o próximo e é dessa maneira que elas brincam, sem concentração e sem paciência para brincarem somente com um brinquedo.
OAJ: A importância da comunicação nessa fase da criança é de extrema importância, e quais os impactos que isso pode causar na vida da mesma, falando de futuro?
Camila: Pode-se modificar isso, mudando, sobretudo, o nosso comportamento, como adultos. Somos espelhos para as crianças. Se nós não conseguirmos ficar longe do celular e dar a atenção que elas necessitam, assim elas acharão que é a forma certa de interagir. A comunicação tanto verbal quanto a não verbal, depende de interação, depende de mais pessoas para acontecer. Para deixar as crianças longe das telas, você deve oferecer algo mais interessante para ela, e você pode e deve ser mais interessante para ela, dando oportunidade para essa interação acontecer, brincando com ela, tanto com brinquedos ou usando atividades mais livres, como jogar bola, brincar de esconde-esconde, lendo livros. Nessas horas que você conseguirá a conexão necessária para adequar, melhorar ou adquirir a fala esperada. Aproveite esses momentos também para conversar com seus filhos, perguntem e deixem espaço para as respostas, tenham trocas e diálogos que possam incentivar a fala, a linguagem e a comunicação, mesmo eles sendo bem pequenos. Crianças precisam de ambientes que tenham conversas.
OAJ: Caso, a família procure ajuda ao identificar os sinais que a fala da criança está prejudicada, como um fonoaudióloga pode ajudar, e a importância dele nesse caso?
Camila: Sempre importante lembrar que há muitos fatores que podem ocasionar o atraso na fala e na comunicação, o uso de telas, sozinho, não causa o atraso. Porém, o uso excessivo, sim, agrava e muito o quadro de uma criança que já tenha uma pré-disposição para esse atraso. Importante sempre procurar um profissional para realizar uma avaliação.