
Na semana do Dia do Bombeiro, o comandante do Corpo de Bombeiros de Ibirubá, sargento Ricardo Gastring, fez um alerta contundente sobre os riscos de acidentes domésticos durante o inverno, enfatizando a prevenção de incêndios e dando dicas práticas de segurança para evitar tragédias com aquecedores, fogões e lareiras.
Ao lado do fogão a lenha, com a chaleira estalando no calor do ferro e o cheiro da lenha queimando preenchendo o ambiente, muitos gaúchos encontram no fogo o alívio para os dias gelados de julho. Mas o calor que conforta também pode ameaçar — e é sobre isso que o sargento Ricardo Gastring, comandante do Corpo de Bombeiros Militar de Ibirubá, quer falar. Em entrevista especial durante a Semana de Prevenção, ele acendeu o alerta: “A maioria dos incêndios começa com a rede elétrica. São pequenos detalhes que passam despercebidos e que podem gerar uma tragédia.”
No mesmo tom em que celebra a homenagem recebida pela corporação no Dia do Bombeiro, Gastring compartilha com preocupação os bastidores das ocorrências atendidas ao longo do ano: “Tivemos princípios de incêndio, alguns em rede elétrica, outros em vegetação, mas felizmente nenhum grande desastre. Isso mostra que a prevenção está funcionando, mas não podemos relaxar.” Segundo ele, a cultura de segurança precisa começar em casa — com tomadas revisadas, equipamentos inspecionados e bom senso ao buscar formas de aquecimento.
Uma das maiores preocupações atuais recai sobre a popularidade das lareiras ecológicas, alimentadas por álcool. “São bonitas, fáceis de encontrar e acessíveis, mas perigosas se mal utilizadas. Reabastecer com a estrutura ainda quente pode causar uma explosão. O álcool é altamente inflamável e, com qualquer caloria residual, entra em ignição espontânea.” O sargento lembra casos recentes: o incêndio em Taquara no último domingo, causado por uma explosão desse tipo de lareira, e o acidente do ex-jogador Lúcio, que teve 20% do corpo queimado ao reabastecer o equipamento.
Gastring não poupa exemplos práticos. “Já vi cano de fogão a lenha preso com sacola plástica. É inacreditável, mas acontece. Tem gente usando tomadas derretidas com aquecedores potentes, sem perceber que isso é uma bomba-relógio. A madeira seca, em contato com o calor, propaga o fogo muito rápido.” Para ele, a chave está na atenção aos sinais: cheiro de plástico queimado, tomadas quentes demais, equipamentos aquecendo mais do que o normal. “O calor e o cheiro são alertas naturais. Sentiu algo estranho, desligue na hora.”
Entre velas acesas para aquecer e cobertores estendidos perto de lareiras improvisadas, as soluções caseiras também entram na lista de alerta. “Velas devem ficar longe de cortinas e móveis. E jamais durma com aquecedor ligado. Um pequeno descuido pode custar uma vida.” O comandante reforça que o Corpo de Bombeiros está à disposição para orientar e atender casos emergenciais, mas lembra que o telefone 193 está em manutenção desde a enchente de 2023. “Estamos atendendo pelo fixo e WhatsApp no 3324-1312. É o novo canal de emergência de Ibirubá.”
Durante a entrevista, o sargento também abordou os avanços da corporação. Um novo veículo de resgate, no valor de R$ 400 mil, já teve licitação concluída e deve ser entregue nos próximos meses, equipado com tecnologia adequada para situações críticas. Por outro lado, um revés deixou marcas: o furto do motor do barco de salvamento. “Foi um golpe duro. Roubaram o motor de 15HP com marcações de Ibirubá. Estamos sem ele hoje, e isso pode fazer falta em situações de resgate aquático.”
Para os comerciantes, Gastring explicou mudanças na legislação. Desde 2022, estabelecimentos com até 200 m² estão isentos de certificado de prevenção, mas continuam obrigados a manter equipamentos de segurança, como extintores e sinalização. “A fiscalização mudou. Hoje, se não estiver adequado, a multa é imediata. Não há mais aviso prévio.”
A entrevista termina com um recado direto, quase um apelo: “Lidou com calor, lidou com fogo, há risco. Não negligencie. Inspecione, troque o que está velho, e, se puder, peça orientação. Estamos aqui para salvar vidas — mas a prevenção ainda é a melhor forma de proteção.”