
Ele carrega no currículo títulos estaduais, vitórias históricas e o respeito de gerações do futebol ibirubense. Do campinho improvisado no bairro Odila aos gramados lotados em finais de campeonato, a trajetória do meia atacante da camisa 10 mistura talento, habilidade, persistência e paixão pela bola.
Filho de João Carlos Santos, o “Pintado”, e de Eneci Teresinha Ferreira Braga Santos (in memoriam), Maninho nasceu em Ibirubá e cresceu no bairro Odila, onde começou a brincar de bola ainda criança, cercado de vizinhos que dividiam os dias entre a escola e as partidas no campinho. Irmão de Fernando, Andrei e Carla, sempre teve o apoio da família nas primeiras pedaladas. “Muitos nem sabem meu nome verdadeiro, todo mundo me chama de Maninho desde pequeno”, lembra.
A primeira experiência mais estruturada veio na ASIF, sob comando do professor Luiz Carlos de Oliveira e com o auxílio de Paulo Schemmer, referências para toda uma geração. Com eles, aprendeu disciplina e fundamentos do futsal. “No primeiro ano, o professor me deixou só treinando, disse que eu precisava me adaptar. No segundo, já fui campeão e artilheiro”, conta.
O talento logo chamou atenção, levando Maninho a defender equipes em Passo Fundo e, mais tarde, a vestir a camisa do Juventude de Caxias do Sul. Ainda adolescente, enfrentou potências como Grêmio e Inter, vivendo a realidade dura de quem busca espaço no futebol profissional. “Ficava meses sem ver meus pais. Não era fácil, mas a gente tinha o sonho”, diz.
O ponto alto veio em 2003, quando o Juventude de Ibirubá conquistou o título estadual amador após 40 anos de espera. “Ganhar aquele campeonato foi especial demais. A cidade parou para nos receber. É o título que mais marcou minha vida”, afirma. Na final, marcou um golaço de falta que permanece vivo na memória da torcida.
Depois, vieram passagens vitoriosas também pelo Grêmio Esportivo Ibirubá, incluindo conquistas do Amador (2008) e do Sul-Brasileiro (2009). Fora da cidade, brilhou em competições regionais por clubes de Não-Me-Toque, onde marcou um dos gols mais bonitos de sua carreira, driblando cinco adversários, além de Salto do Jacuí e Lajeado. “O futebol me deu amigos, me deu educação, me fez ser quem eu sou. Foi minha vida”, resume.
Ao relembrar companheiros, destaca o meia Márcio Almeida como seu maior parceiro em campo. “A gente se entendia só no olhar. E ele sempre me ajudou nos momentos de dificuldade, me dava o tênis usado dele pois eu não tinha como comprar”, recorda. Entre os adversários mais duros, cita o volante Dudi: “Marcava como poucos. Um carrapato.”
Mesmo sem seguir no profissional, Maninho orgulha-se do caminho percorrido e deixa um recado aos jovens que sonham com o esporte: “Persistam. É um leão por dia. Nem sempre o talento basta, é preciso força mental e apoio da família.”
Hoje, aos 41 anos, é casado com Graciele Jost e pai da doce e inteligente Manu, de 11 anos. “A Manu é meu orgulho. Inteligente, carinhosa, dedicada… me enche de alegria todos os dias. A Graciele Jost, minha esposa, é minha parceira em tudo. Sem o apoio dela, nada do que construí depois do futebol teria sido possível”, afirma. Mantém viva a ligação com o futebol participando de jogos de veteranos e preservando amizades construídas dentro de campo. Fora dele, se dedica ao restaurante do Léo, na ERS-223, anexo ao posto JP Santa Lúcia em Esquina São Carlos, entre Ibirubá e Cruz Alta, mas garante: “A bola sempre vai fazer parte da minha vida. Ela me deu tudo o que sou e, enquanto eu viver, vai estar comigo de alguma forma.”