03 de Junho, 2025 09h06mBáu do Esporte por Jardel Schemmer- Repórter Rádio Cidade 104.9

Ademir Camargo resgata memórias do futebol raiz no Baú do Esporte

Ícone do jornalismo esportivo amador de Ibirubá relembra infância marcada por futebol, família e amizade

Ademir Camargo, conhecido personagem do esporte amador de Ibirubá, compartilha no quadro Baú do Esporte as memórias da infância e juventude vividas entre partidas de futebol de rua, clubes locais e grandes amizades, destacando a importância dessa trajetória na formação da identidade esportiva da cidade.

As ruas de terra, o barulho da bola batendo no portão e o grito da mãe chamando para o almoço. Para muitos, essas são imagens distantes, mas para Ademir Camargo, elas seguem vivas, pulsando como a respiração depois de um gol suado. No quadro Baú do Esporte, ele compartilha com emoção a trajetória que viveu ao lado dos irmãos, entre peladas de rua e campeonatos que ajudaram a construir a identidade esportiva de Ibirubá.
Quando se fala em futebol amador, peladas de rua e histórias que moldaram gerações, é impossível não mergulhar nas lembranças de Ademir Camargo, conhecido por muitos como "Camargo", o narrador da própria vida. Junto dos irmãos Claudemir (Chaulin), Valmir (Polaco), Moacir (Nequinho) e o saudoso Valdir (Mancha), ele viveu intensamente os tempos áureos do esporte de base e de várzea no interior gaúcho.
No quadro Baú do Esporte, Camargo nos leva de volta às décadas de 1970 e 1980, quando um par de "Kichute" era um tesouro, campos improvisados brotavam em cada esquina e a paixão pelo futebol nascia junto com o amanhecer.
“A gente jogava na rua, com chinelo como goleira. A bola era pesada, revestida com pano. Meu pai, seu Modesto, era goleiro — jogava com a gente. O Mancha, o mais novo, seguia os passos dele. A gente formava um time só com os irmãos”, recorda Ademir, emocionado.
A família Camargo tem uma forte ligação com o esporte local. Todos os filhos homens jogavam bola, e o futebol acabou se tornando um elo de convivência, crescimento e disciplina. O bairro Progresso foi o cenário central dessa história, com jogos em terrenos de terra, torneios escolares e até amistosos entre ruas.
“Quando veio a terraplenagem para o ginasião, aquele lugar virou o nosso Maracanã. Dava 10 times num fim de tarde. Ali era o treino, o jogo, a confraternização”, conta.
A caminhada esportiva começou cedo, na escola rural da Várzea, onde Camargo estudou antes de a família se mudar para Palmeira das Missões e depois retornar a Ibirubá. Foi ali, no chão batido das vilas e das fazendas, que ele construiu não apenas sua trajetória no esporte, mas também seu olhar para a comunidade.
A jornada seguiu nos campos do Cotribá Velho, no Ouro Verde, no Bangu, no Florestal, e tantos outros times que marcaram o futebol amador da região. No quartel, seguiu jogando e chegou a compor equipes de pentatlo e natação, sempre se destacando pela velocidade e dedicação.
“Não era fácil pegar time principal. Tinha muita gente boa. Mas no segundinho a gente fez história. Com o Florestal, fui campeão duas vezes. Ali tinha união, raça e futebol de verdade.”
emórias também incluem histórias de viagens nos famosos caminhões 608, ônibus do bairro, treinos diários e campeonatos acirrados. Ademir lembra com carinho da conquista do Juventude em Ivoti, que mobilizou a cidade e mostrou a força do futebol de Ibirubá.
“A cidade parou. Saíram quatro ônibus de Ibirubá para a final. Era o time da casa, da base, dos guris da vila. E eles venceram. Foi uma festa inesquecível.”
Hoje, aos 60 anos, Camargo carrega um acervo de histórias que mistura suor, barro, amizades e gols. A trajetória dele, dos irmãos e de tantos outros que passaram pelos campos improvisados de Ibirubá, é um patrimônio afetivo da cidade. O Baú do Esporte é mais que um resgate: é um tributo à memória coletiva de uma geração apaixonada por futebol, família e comunidade.

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